Gostaria que vocês comentassem sobre o texto de Reinaldo José Lopes, publicado no site Globo.com, no dia 16 de maio de 2009. – L.
1.
Jesus confirmou a historicidade do Gênesis ao citá-lo como sendo um
livro literal. E jamais entendeu que houvesse “dois relatos da criação”.
Ao dizer que o ser humano foi criado, nem passou pela mente do Salvador
a ideia absurda de que pudessem existir contradições na Bíblia. Veja o
texto a seguir: “Então, respondeu Ele: Não tendes lido que o Criador,
desde o princípio, os fez homem e mulher e que disse: Por esta causa
deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois
uma só carne? De modo que já não são mais dois, porém uma só carne.
Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem” (Mateus 19:4-6).
Duvido que Lopes saiba mais sobre a Bíblia – e a cultura hebraica – do que o próprio Jesus Cristo...
2.
Pedro também reconheceu a literalidade do Gênesis ao fazer menção ao
Dilúvio: “...os quais, noutro tempo, foram desobedientes quando a
longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé, enquanto se preparava a
arca, na qual poucos, a saber, oito pessoas, foram salvos, através da
água” (1 Pedro 3:20).
3. Paulo – homem de grande cultura
acadêmica para os dias dele – também acreditava que o Gênesis era
literal ao mencionar Adão e citar Gênesis 2:7: “Pois assim está escrito:
O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é
espírito vivificante” (1 Coríntios 15:45).
4. Gênesis faz parte
do Pentateuco – coleção de cinco livros históricos. Ambos apresentam
narrativas de fatos que realmente aconteceram e jamais o autor (Moisés)
quis dar ao que escreveu qualquer tom de “poesia” associada a
“simbolismo”.
5. O fato de o Criador ser mencionado como “Deus”
no capítulo 1 e “Senhor Deus” no capítulo 2 não apresenta problema algum
na mente de quem estuda a Bíblia com sinceridade. Por que Deus não
poderia ser chamado de maneira diferente, sendo que Ele possui vários
nomes na Bíblia que descrevem o caráter dEle? Argumento muito simplista o
do autor do artigo!
6. O verso 4 do capítulo 2 é a conclusão do
relato do capítulo 1! Será que Reinaldo José Lopes não sabe que a
divisão da Bíblia em capítulos e versículos veio posteriormente e que o
fato de uma frase estar noutro capítulo não indica necessariamente o
começo de um novo relato?
7. Segundo o Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia,
“de maneira alguma se pode considerar que o capítulo 2 seja outra
versão do relato da Criação, do capítulo precedente. Seu propósito é
colocar Adão e Eva em seu lugar no jardim do Éden, e isso é feito para
proporcionar [ao leitor] informação adicional”. É por isso que não há no
capítulo 1 a informação de que a mulher foi feita da costela de Adão.
8.
A respeito do verso 5 – pelo qual o autor do artigo julga apresentar
uma “prova” de que o relato é contraditório – afirma o comentário
supracitado: “Os versos 4-6 antecipam a criação do homem descrita no
verso 7, ao detalhar brevemente a aparência da superfície da terra,
particularmente com respeito à vegetação, pouco antes de o ser humano
ter sido formado no sexto dia da semana da criação.” O articulista
deveria usar comentários bíblicos fiéis no estudo da Bíblia para não
escrever coisas que não têm apoio algum com base nas regras da
hermenêutica.
9. O uso do verbo plural “façamos”, em Gênesis
1:26, não é um diálogo entre Deus e Seus “conselheiros angélicos” porque
os anjos não têm a prerrogativa de serem criadores (cf. Hebreus 1:14). A
Bíblia apresenta a Deus como único Criador (Malaquias 2:10). O verbo no
plural nos ajuda a entender o porquê de o nome Deus no primeiro
versículo ser usado em forma plural (Elohim): a Trindade estava
envolvida na Criação – ver João 1:1-3, Jó 33:4 e Salmo 104:30 (o tal
“plural majestático”, sim, é uma lenda! Se Lopes prefere acreditar
nisso...).
10. A declaração a seguir do articulista também é de
pasmar: “O mandamento de guardar o sábado, na maioria dos textos
bíblicos, como em Deuteronômio 5, 12-15, não usa a Criação como
justificativa, o que parece indicar que a ideia foi introduzida de forma
tardia na cultura israelita.”
Isso não tem cabimento. Antes de a
Lei ser dada no Sinai, o povo já sabia que o sábado deveria ser
celebrado como memorial da Criação. Basta ler o episódio do maná em
Êxodo 16. Em Deuteronômio 5:12-15, Deus apresenta apenas uma razão
adicional para eles observarem o sétimo dia: por terem sido escravos no
Egito, deveriam descansar e dar descanso a qualquer pessoa que estivesse
sobre a jurisdição deles.
Em Deuteronômio 5:12-15, há também uma
aplicação teológica vital para os cristãos de hoje: assim como o povo
Israelita observou o sábado também por ter sido liberto da escravidão do
Egito, hoje devemos celebrar o sábado também por Deus nos ter libertado
da escravidão do pecado por meio de Jesus Cristo (João 8:36).
11.
Portanto, a frase “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come” se
aplica a Lopes, pois ele tem duas opções: aceitar o que Deus ensina
sobre a Criação dEle ou ficar ao lado de Charles Darwin.
E, para
finalizar: todo criacionista esclarecido jamais nega a importância da
ciência e da explicação evolucionista a respeito da microevolução. O que
não aceitamos – assim como os Pais da Ciência e muitos cientistas
atuais – é a macroevolução, que jamais foi vista em laboratório...
(Leandro Quadros, jornalista e consultor bíblico da Novo Tempo)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário