Não adianta lavar e alvejar aquela camiseta branca que ela não ficará tão branca quanto as asas de besouro Cyphochilus –
nem a folha de papel mais branca chega pero de tanta brancura. No
início de 2007, um grupo de pesquisadores ingleses descobriu que a
carapaça desse minúsculo besouro pode ser a estrutura com o branco mais
brilhante da natureza. Eles estão gastando dinheiro e tempo para imitar
essa característica do Cyphochilus com o objetivo de dar mais brancura a papéis e tintas.
No
caso do branco do papel, ele é obtido com a adição de minerais como o
carbonato de cálcio e o caulim. Mas, para atingir a mesma brancura das
asas do Cyphochilus, seria necessária uma camada desses
minerais duas vezes mais grossa. Se o besouro dependesse disso, teria
asas muito pesadas e dificuldade para voar. Então, como ele voa com asas
tão brancas e leves? Já vamos entender.
O corpo, a cabeça e as
pernas do besouro são cobertos por longas escamas com estruturas
internas 3-D altamente aleatórias (não organizadas). São essas
irregularidades e o espaçamento entre elas que dispersam de forma tão
eficiente todos os comprimentos de onda da luz, dando ao Cyphochilus o seu branco imbatível.
Os
pesquisadores da Universidade Exeter, em colaboração com os engenheiros
da mineradora Imerys, desenvolveram um técnica para moer os minerais
até conseguir nanopartículas com o balanço adequado entre tamanho,
densidade e separação entre as partículas. Depois de aplicadas sobre a
massa de celulose, as nanopartículas reproduzem de maneira aproximada a
aleatoriedade presente nas escamas do besouro e produzem um branco mais
intenso do que o obtido com o caulim.
É mais uma amostra do que se pode obter ao imitar o design inteligente da natureza.
Michelson Borges
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